Iniciativa convida população brasileira a conhecer a biodiversidade do Cerrado e incentiva o consumo de produtos locais para valorizar a produção sustentável e minimizar os impactos sociais agravados pela pandemia de Covid-19
Já imaginou a delícia que é preparar pratos feitos com ingredientes do coração do Brasil e ainda incentivar a cadeia sustentável por trás de um consumo consciente? Essa é a proposta da Campanha #CerradoQueDáGosto, realizada pelo ISPN em parceria com o WWF e tem apoio da União Europeia (UE). Como parte do Projeto Cerrado Resiliente (CERES), também desenvolvido pelas organizações, a campanha propõe um desafio a brasileiros e brasileiras que estão nas redes sociais: preparar pratos com frutos da sociobiodiversidade da savana brasileira e postar em seus perfis no instagram com a hashtag #CerradoQueDáGosto. Os pratos mais criativos receberão um kit com produtos do bioma. Eles serão eleitos com o apoio da embaixatriz da campanha, a chef indígena do povo Terena, no Mato Grosso do Sul, Kalymaracaya Nogueira.
A iniciativa acontece em um momento preocupante para o país. Com a pandemia de Covid-19 e a má gestão do governo federal, milhares de pessoas encontram-se em situações de vulnerabilidade, entre elas, muitas no campo. Segundo estudo da Universidade Livre de Berlim, que analisou os efeitos da pandemia da Covid-19 sobre a alimentação da população brasileira, mais de 75% dos domicílios localizados em áreas rurais estavam em situação de insegurança alimentar entre agosto e dezembro de 2020. Além de divulgar a diversidade do Cerrado, a Campanha também busca estimular o consumo de alimentos advindos da agricultura familiar, desenvolvidos por produtores locais e povos e comunidades tradicionais. A Campanha, assim, é um chamado para incentivar a sociedade urbana a consumir as riquezas culinárias do país e contribuir com a geração de renda do campo, especialmente nesse momento crítico.
Durante as quatro semanas do mês de outubro, quando também é comemorado o Dia Mundial da Alimentação (16), a Campanha abordará quatro alimentos do Cerrado trabalhados dentro do Projeto Ceres: o buriti, o babaçu, o baru e o mel das abelhas nativas sem ferrão. Além das propriedades nutritivas e de possibilidades de receitas simples e que podem ser inseridas no cotidiano, a iniciativa dá destaque para aqueles que beneficiam esses produtos com sabedorias ancestrais. O modo de vida de agricultores e agricultoras familiares, e povos e comunidades tradicionais são destacados e evidenciarão como é possível consumir de forma consciente, apoiando esses grupos que são protagonistas na conservação ambiental.
Ainda dentro da campanha, os internautas podem conhecer o site Cerratinga, uma página desenvolvida pelo ISPN e que, além de trazer informações sobre as espécies do Cerrado e da Caatinga, apresenta receitas, a diversidade de povos e comunidades tradicionais e ainda indica alguns produtores que comercializam produtos vindos da sociobiodiversidade. O portal ainda é recheado de fotografias e ilustrações desses frutos, muitos ainda desconhecidos de grande parte da população brasileira.
Inserir o Cerrado no dia a dia dos brasileiros, principalmente os que estão distantes da realidade do campo, em grandes centros urbanos, é pensar em modos de consumo que considerem o enfrentamento às injustiças sociais e incentivem o equilíbrio ambiental. Baru, buriti, babaçu e mel são só algumas das tantas riquezas que o Cerrado tem e estão prontas para serem conhecidas e valorizadas no país. Dá gosto se alimentar das riquezas deste Brasil, que é diverso em sabores e saberes.
Para acompanhar a Campanha, siga o ISPN nos Instagram: @ispn_brasil
Sobre o Projeto CERES:
O Projeto Cerrado Resiliente (CERES) atua pela conservação do Cerrado por meio da valorização e incentivo da produção sustentável no bioma. Como objetivos principais, o CERES busca promover: a agricultura sustentável e sistemas alimentares inteligentes para o clima; a conservação por meio do uso sustentável da sociobiodiversidade e do fortalecimento das áreas protegidas; políticas públicas e privadas e práticas de segurança hídrica e alimentar, manejo sustentável da paisagem e redução da conversão de ecossistemas. O Projeto é uma iniciativa desenvolvida pelo ISPN, WWF Brasil, WWF Paraguai e WWF Holanda, com financiamento da União Europeia.